Por Vanessa Campos
Desde os tempos mais remotos, viajar sempre foi sinônimo de descobertas. De terras. De gentes. De caminhos. Para mim, que já morei em quatro cidades de três estados diferentes e vivo visitando outros lugares, viajar é a oportunidade de mudar o olhar. Há tempos adotei o Ceará como segunda casa. A primeira é Pernambuco, de onde sou. Aqui, misturei os sotaques, as expressões e fiquei um bocado cearense também. Depois de um período fora, voltei para Fortaleza com a perspectiva de ver o Ceará todo, de pertinho. Colecionando céus por aí.
Casas, rostos, culturas, sotaques, terras. Montar um mosaico disso tudo e passar calor, descobrir a hospitalidade dos mais humildes, comer de todos os temperos, receber os abraços, os foras, as securas e as delícias dos moradores de cada lugar por onde ando.
Tão acostumada à rotina da comodidade urbana das capitais por onde passei, algumas realidades me ensinam o valor das pequenas felicidades. Ouvir de alguém, do alto de seus 83 anos, que pela primeira vez tomou banho em casa com água encanada. Isso muda a vida de um. A minha pelo menos.
Adolescentes contando da experiência de ter ensino médio e profissionalizante nas suas cidades. Falando do quanto ainda querem crescer. Dos cursos que querem fazer. Perceber o orgulho dos pais que não tiveram essa oportunidade anos antes. Andar pelas ruas e, ao verem meu crachá, mandarem recados. De agradecimento. E eu digo, você pode agradecer pessoalmente. Pode? Pode, claro. E agradecem. E são ouvidos.
Por esse Ceará réi grande, as andanças trazem as eternas reflexões sobre a vida. Sobre o passo seguinte. A direção a escolher. Muitos falam sobre a beleza do céu de Brasília. Para mim, nesses últimos 40 dias, não há céu mais lindo que o do meu Ceará.
Vanessa Campos é jornalista e colecionadora de céus que tem acompanhado algumas andanças de Cid Gomes pelo Estado
Vanessa Campos (Foto: Felipe Abud)